quinta-feira, 30 de abril de 2009

PEDAGOGIA DO OUVIR - elemento intrínseco neste novo paradigma

"Estar com os outros significa necessariamente respeitar nos outros o direito de dizer a Palavra". Imbuídos de algumas discussões apresentadas nas configurações de nossos encontros nas Rodas Virtuais e na discussão levantada no texto anterior, li, hoje pela manhã, este pequeno trecho de uma conferência que Paulo Freire assim se expressou, a partir do tema - "SABER OUVIR", mais do que oportuno para este momento em que nos fazemos como coletivo crítico e mobilizador: "A primeira implicação profunda e rigorosa que surge quando eu encarno que não estou só, é exatamente o direito e o dever que eu tenho de respeitar em ti o direito de você dizer a palavra também. Isso significa então que é preciso eu também saber ouvir. Na medida, porém, em que eu parto do reconhecimento do teu direito de dizer a palavra, quando eu te falo porque te ouvi, eu faço mais do que falar a ti, eu falo contigo. Eu não sei se estou complicando. E veja bem, eu não estou fazendo jogo de palavras. Eu estou usando palavras. Veja que eu sei a preposição A, 'falar A ti'. Mas disse que o 'falar A ti', só se converte no falar contigo se eu Te escuto. Vejam como no Brasil tá cheio de gente falando pra gente, mas não com a gente. Faz 480 anos que o povão brasileiro levam porrete. Então vejam bem o que é que tem a ver com o papel do educador. Vejam lá, numa posição autoritária, evidentemente, a educadora/educador, falam ao povo. Falam ao educando. O que é terrível é ver um montão de gente que se proclama de esquerda e continua falando ao povo e não com o povo, numa contradição extraordinária com a própria posição da esquerda. Porque o correto da direita é falar ao povo, enquanto o correto da esquerda é falar com o povo. Pois bem, esse 'trequinho' eu acho de uma importância enorme. Então essa é a primeira conclusão que eu acho que a gente tira quando a gente percebe que não está só no mundo". (FREIRE, Paulo. Como trabalhar com povo?. Mimeo, 1983).

Um comentário:

  1. É sempre fascinante ler/ouvir as palavras de Paulo Freire tão presentes, atuais, humanizantes... dialógicas e necessárias. essa reflexão fez-me revisitar minha essência enquanto educadora, enquanto ser vivente nesse mundo que se constitue de relações entre eu com o outro e com o mundo. Muito agradecida por esse momento ímpar...

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