quarta-feira, 22 de abril de 2009
Conceito problematizado I: "O que é Educação?"
Sejamos francos e reflexivos... será que o conceito de educação se efetiva tal e qual escrevemos ou idealizamos, de forma tão técnica ou poética?
Que o processo educativo acontece no coletivo, nas interações, isso já se sabe... mas por que é tão difícil enxergarmo-lo na prática, no cotidiano, em nossas vidas?
Por muito tempo a educação foi entendida apenas como ciência, ou algo abstrato talvez mágico, que se ligava estreitamente ao papel escolar, formal... não se sabia ao certo qual a preponderância da educação das atitudes, dos hábitos, dos costumes, dos valores, dos sentimentos e da educação oferecida na família... talvez estivesse em posição secundária, ou quem sabe, nem se considerassem esses aspectos como educação.
Percebe-se que as dificuldades possam estar localizadas no “quer fazer” ou nas “transposições didáticas”, onde o saber cultural, arraigado a paradigmas estereotipados, falam mais forte dentro de nós e constituem lentes que nos tornam míopes, distorcendo ou tornando invisíveis tantas possibilidades e oportunidades educacionais... que não nos faz (re) conhecer nossas ações e as dos outros como legítimas no ato de formar, de educar.
Reflitamos...
Quando uma criança fala palavrões, logo pensamos: que criança mal-educada!!!
Onde você aprendeu isso, menino? – Não é verdade?? Se a criança aprendeu, houve a intervenção educativa de alguém, um lugar, um espaço para essa aprendizagem.
Quando o adulto bate na criança, ensina com a sua atitude, que é assim que se deve proceder ou resolver alguma situação ... então a criança reproduz essa aprendizagem, “educando” por meio da agressividade. Quando a criança vai ao parque, ou outro ambiente estimulador, experiencia uma série de situações que resultam em aprendizagens, como noções de grande, pequeno, liso, áspero, de cores, exercita a motricidade, a socialização e tantas outras... poucos de nós reconhecemos isso, acreditando que ela apenas “brinca”, se diverte, sem intencionalidade, nada mais. Na prática nem sempre visualizamos onde e como acontece o processo educativo... e ele acontece sempre e em todo lugar.
Quando não existe uma auto-avaliação e/ou o exercício de reflexão-ação, fatalmente reproduzimos os pensamentos e atitudes de outros, remetendo-nos frequentemente às nossas próprias experiências educacionais que, certas ou erradas, são meras reproduções de lembranças, sem teor crítico... são alienações.
É claro que ninguém vai passar “receita” de como educar, pois não podemos reduzir algo tão complexo a um bolo, mas podemos instigar o exercício da reflexão nos outros... podemos estimular o movimento, a inquietação... provocar um fazer novo, diferente.
Libertemo-nos, portanto, de lentes, de velhos conceitos bolorentos, num constante exercício de (re) conhecimento de lugares e situações educativas, do refletir a prática, do (re) pensar teorias de forma crítica. Aprendamos com o outro, com as situações, com lugares, com o tempo, com o respeito, e com os múltiplos atores que protagonizam todo o ato, ativo/passivo, de educar.
Este é um bom começo para trilhar a nossa nova caminhada...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ufa! Acho que nunca li algo tão visceral e que oferecesse subsídios para uma prática diferenciada desta "comum" e "viciada" prática chamada "educação". Minha mente burila de tantas questões. Isto é pensar = incitar no outro a capacidade de sonhar, ou seja, visualizar outros cenários e outras possibilidades. Bueno, você já foi iniciada neste processo. Agradecemos pela sua mais que presença. Que seja um recado para nós: Pensemos e façamos isto!!!(Fábio Paes -São Paulo)
ResponderExcluir